#1 Prevendo o futuro
Meu primeiro texto aqui. Meu primeiro texto além dos diários e legenda de instagram. Não sei direito o que estou fazendo. Mas aqui estou... indo com medo mesmo.
No aniversário de uma amiga no ano passado, fizemos uma brincadeira que fazemos em nossos poucos e importantes encontros anuais: escolher uma palavra para definir o novo ciclo. No ano anterior, minha palavra tinha sido “presença” e queria seguir nessa vibe, então fui de “Aqui e agora”. Eis que meses depois essa amiga estava em uma loja de incensos e viu uma caixinha onde estava escrito “aquí y ahora”. Foi meu presente de fim de ano. Quando abri a caixa, encontrei lá dentro um papelzinho com a seguinte frase: La mejor forma de precedir el futuro es creándolo.
Estudando astrologia védica aprendi que o tempo tem qualidades e o resultado do que fazemos é influenciado por isso. Isso nos ajuda a entender o melhor momento de lançar um projeto, começar algo novo, ou se permitir desmarcar aquela reunião e ficar quietinha em casa. A energia ajuda (ou atrapalha), mas não faz nada por mim. Lei do karma bem diz: toda ação, tem uma reação. Se eu faço tudo do mesmo jeito, há anos, porque eu seria diferente amanhã? Parece simples, mas vivi anos da minha vida renegando essa verdade óbvia. Comecei a escrever diários em 1997 (eu tinha 12 anos) - não tenho todos guardados, mas sei que desde lá a maioria das minhas reflexões versavam sobre como eu queria ser diferente, ter uma vida diferente, ser mais ativa, menos ansiosa e por aí vai… Cresci e consegui, sim, promover mudanças que me fizeram ter uma vida que me orgulha, me gera gratidão e felicidade. No micro, no dia a dia, ainda me vejo (ou me via?) insatisfeita, casada, sem tempo, com pouca energia, “down” com mais frequência do que gostaria.
Apoiando a Gabi com as crises matinais de não querer ir para a escola, liguei uns pontos. Escolhi a escola da Gabi a dedo. Confio na proposta, confio nas professoras. Sei que estou oferecendo o melhor que posso, onde estou. Também sei que uma vez estando lá, ela se diverte, aprende coisas novas, é livre para ser quem é e volta saltitante para casa. Mas ficar em casa de preguiça de manhã, grudadinha na mamãe, vendo desenho de pijama, é muito melhor. Consegui ajudar ela quando validei esse sentimento: “eu entendo, minha filha, é muito melhor ficar a manhã de pijama fazendo preguiça em casa com a mamãe. Sair às 8h da manhã para ir na escola (no frio), é chato mesmo. Mas as vezes a gente precisa fazer coisas que a princípio são chatas, mas que são importantes para nós.” Mal eu sabia que o recado servia para ela, mas para mim também.
De onde eu tirei a ideia que eu precisava gostar de acordar cedo para levantar às 5h ou 6h da manhã e conseguir ter tempo para mim antes da família e do trabalho? Onde eu estava com a cabeça quando esperava a vontade de ir na academia chegar para eu colocar minha roupa e ir? Se eu precisasse sentir desejo de uma pratão de salada verde e legumes para comer saudável, provavelmente viveria de carboidratos e açúcar. Faz sentido esperar não ter o desejo de uma blusinha nova para conseguir salvar um dinheirinho a mais no final do mês? A questão é, nem sempre o que precisamos fazer agora precisa ser fácil ou bom. Muitas vezes é chato mesmo, dá preguiça, mas ainda assim, dá pra fazer.
Eu não quero me enganar fingindo que amo fazer coisas que, na verdade, não amo tanto assim. Mas também não quero desistir de fazê-las achando que “agora sou adulta e só faço o que tenho voltade”(haha). Adoro um prazer imediato, mas apenas eles não trazem o futuro que eu quero e preciso. Estou aprendendo a acolher a preguiça, a falta de vontade, o desgosto e fazer mesmo assim, pela Luiza do futuro. A Gabi tem lutado menos contra a ida para a escola… Eu tenho acordado mais cedo para colocar umas ideias no papel e ir mais na academia. Me vejo uma velhinha com muitos textos escritos e pernas fortes para conseguir fazer xixi sozinha :)
Estou aprendendo a prever o futuro e estou adorando essa nova jornada.